terça-feira, agosto 26, 2008

Mãe desnecessária

.






A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo. Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase e ela sempre me soou estranha. Até agora. Agora que minha filha adolescente, aos quase 18 anos, começa a dar vôos-solo. Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara. Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.
Antes que alguma mãe apressada venha me acusar de desamor, preciso explicar o que significa isso. Ser 'desnecessária' é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também. A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo.
O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.
Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres. Esse é o maior desafio e a principal missão. Ao aprendermos a ser 'desnecessários', nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.


Márcia Neder
Diretora de redação da revista Cláudia


Recebi por e-mail da minha amiga Marluci.


Filhos! Estamos aqui!


.

10 comentários:

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

É isso mesmo Amiga, eu tento já deixar o daniel andar com as próprias pernas. este ano quando ele fez 9 anos ele recebeu as chaves da casa. Ele vem a pé da escola e está adorando essa liberdade de ter a chave de onde mora.

Beijao

* Qto ao email, me encheu aquilo, viu. Pode passar sim, pode postar aqui tb se vc quiser, mas me deu nos nervos.

Beijao

http://graceolsson.com/blog disse...

Rosa,um dia, a gente tbm quis isso, lembra?
E em muitos casos, fomos tão reprimidas.
Meus filhos começam a sair do casulo
dias felizes

Anônimo disse...

Rosa,estou chegando da Irlanda, onde as gurias estudam e trabalham!Nossa, como foi difícil deixá-las!!!Mas agora refletindo contigo, tenho certeza que me tornei uma mãe desnecessária!!!!
Bjos

Anônimo disse...

Pois é, Rosamaria, minha filha tem só doze anos e já to sofrendo por antecipação...rs. Imagina a mãe dela...rs.

Rosamaria disse...

Georgia
Tu és uma mãe nota mil por tudo que eu vejo lá no teu blog!

Grace
E como!!! A repressão era terrível! No meu tempo ainda pior do que no teu.

Clarice
Tu aprendeste com a vida que é bem melhor assim, né?

Mário
Não sofre por antecipação, ainda tens muito pela frente! Mas tenho certeza que vais ter sucesso.

Bjim pra todos.

Ana disse...

Belo post!

Foto que mostra o quanto uma "mãe desnecessária" pode ser querida e se transformar num ímã, num porto seguro, num ponto de convergência!

Anônimo disse...

Rosa querida,

Muito interessante esse texto.
Não tenho filhos e não os terei, mas de certa forma minha mãe está passando por isso comigo, rs...daqui a um pouco mais de três meses saio de casa, rs...

Fico feliz ao saber que, depois daquele meu post, você tem se encontrado com Ele com mais felicidade. Por muitas vezes nos tornamos cegos Rosa, sendo que, Ele está presente em tudo e todos nesse mundo..
Desejo que tenha sempre lindos encontros com Ele, e obrigada pelo link aqui, volto amanhã , com certeza. Já tem post novo lá no Fragmentos tá?
Uma linda noite de paz para você...
Beijo carinhoso, Cris

Oliver Pickwick disse...

Nunca imaginara a coisa deste ponto de vista. Mas está certo, Rosa. Nada como sair de cena aos poucos, mas, estando presente.
Um beijo!

Anônimo disse...

Rosamaria,

Belo texto!


Abraços, flores, estrelas..

Rosamaria disse...

Anabacana
Tu estás começando a ficar desnecessária, amiga...vem pra cá.

Cris
A tua mãe já está desnecessária? É o futuro de todas nós.

Oliver
A vontade que a gente tem é de não sair de cena, mas é necessário.

Edson
Obrigada pela visita, volte quando quiser.

Bjim pra todos.

 
^